PARENTALIDADE TERAPÊUTICA
1. Compreender
2. Respirar fundo
3. Comportamentos desafiantes
4. Comportamentos de risco
5. Brincadeira
6. Estratégias e ideias
Comportamentos de risco
Num ou noutro momento mais difícil os adolescentes que foram adoptados (e não só) podem ter comportamentos de risco (pensamentos de suicídio ou tentativas de suicídio), cortes, comportamentos desregrados como consumir de forma excessiva álcool, drogas, etc. Cabe aos pais ajudá-los a procurar ajuda, ficando ao seu lado, evitando comportamentos punitivos e trabalhando com os psicólogos que os saibam ajudar. Aqui fica uma lista de possíveis recursos de que tanto os adolescentes como os pais se podem socorrer.
O CONTINUUM DE SAÚDE MENTAL
Durante muito tempo, pensávamos nas pessoas como sendo loucas ou mentalmente saudáveis. Hoje em dia, sabe-se que não é bem assim.
A ideia de «continuum de saúde mental» parte do princípio de que a nossa saúde mental (tal como sucede com a nossa saúde física) varia ao longo da vida. Imaginem uma faixa com duas extremidades. Coloquem a saúde mental num dos extremos da faixa e a doença mental no outro. Dependendo das capacidades internas e dos acontecimentos externos da vida de uma pessoa, esta pode oscilar de um ponto do continuum para o outro, podendo igualmente mudar de posição se a sua situação de vida melhorar.
As crianças e jovens adoptados terão, em certos momentos da sua vida, de lidar com questões relacionadas com a sua família biológica, de fazer o luto pelo que perderam, de reparar a sua sensação de perda, de se curar do abuso sexual, trauma ou negligência. Isto significa que, nalgumas alturas, a sua posição na faixa do continuum de saúde mental pode variar. É, contudo, importante que os pais saibam que são agentes protectores para a criança e que juntamente com o apoio de um bom psicólogo, as crianças e os jovens conseguem recuperar.
Depressão
É difícil definir a depressão, dado que esta pode afectar as crianças e os adolescentes em mais do que um aspecto das suas vidas. Geralmente, a depressão é dividia em três tipos: transtorno distímico (depressão leve), transtorno depressivo maior (também chamado de depressão clínica ou unipolar) e transtorno bipolar (a que se costumava chamar de depressão maníaca).
Independentemente da forma que a depressão apresenta, esta pode ser prejudicial para uma criança, para um adolescente e para a sua família. Ainda assim, com o tratamento adequado (um bom psicólogo e, se necessário, medicação) não existem motivos para a depressão não melhorar.
FACTORES DE RISCO
Geralmente existe mais do que um factor de risco, e é natural que os adolescentes que encontraram dificuldades na infância (como terem tido vivências de trauma, negligência, abuso físico e / ou sexual ou terem crescido com um cuidador instável ou ausente), possam vir a sofrer uma depressão.
Outros factores de risco incluem:
– Relações amorosas;
– Mudanças hormonais;
– Ser intimidado na escola;
– Abuso de substâncias;
– Ter dificuldades de aprendizagem ou um historial familiar de depressão;
– Sentimentos de rejeição e abandono;
– Dificuldades na descoberta da identidade.
Os pais não se devem esquecer de que são agentes de protecção para os seus filhos, podendo ajudá-los neste momento difícil e oferecer-lhes o apoio de que precisam.
Aprender a lidar com a auto-mutilação
A auto-mutilação é um comportamento que resulta de grande sofrimento e no qual a pessoa se faz mal, porque isso de alguma forma lhe traz algum alívio. Pelo menos 10% dos adolescentes relata ter-se magoado (e isto sucede tanto com raparigas como com rapazes). A auto-mutilação pode incluir:
– Cortes;
– Ter uma overdose;
– Bater em si ou magoar-se intencionalmente;
– Tomar intencionalmente poucos ou muitos medicamentos;
– Queimar-se.
Embora algumas pessoas que se magoam possam ter pensamentos suicidas, a auto-mutilação é frequentemente usada como uma forma de controlar emoções difíceis. Pode, no entanto, resultar em morte acidental.
Não deixe de ler as fichas de apoio, que procuram dar uma boa ajuda aos jovens e as suas famílias.
FICHAS DE APOIO
Coping with self-harm: A Guide for Parents and Carers, Center for Suicide Research, University of Oxford.
Categorized resources to help you better understand self-injury, Universidade de Cornell.
Self-harm, Parents’ experiences, Health Experiences Research Group, University of Oxford.
Comportamentos Autolesivos e suicidários na adolescência – identificar para ajudar, Instituto de Apoio à Criança.
Comportamentos sexualizados
Aprender a lidar com comportamentos sexualizados em crianças pequenas não é uma tarefa fácil e os pais devem procurar ajuda especializada, socorrendo-se do psicólogo que acompanha a criança. Com alguma frequência, os pais vão perceber que também eles precisam de apoio. Compreender melhor a situação talvez ajude a família a encontrar alguma paz no meio da dificuldade.
É importante não estigmatizar a criança, bem como procurar compreender e perceber a origem dos comportamentos sexualizados. É difícil para os pais lidar com estes comportamentos e o abuso sexual tem sido apontado como uma das causas das dissoluções na adopção. Tendo isto em mente, é importante que os pais montem uma rede de apoio, constituída por pessoas compreensivas, conhecedoras do impacto do trauma na criança, e que seja capaz de os ajudar. Para saber mais, leia a secção sobre abuso sexual.
FICHAS DE APOIO
Ser pai ou mãe de crianças ou jovens sexualmente reactivos, Adopt Talk.
What parents need to know about sexual abuse, The National Child Traumatic Network.
Parenting a Child or Youth Who Has Been Sexually Abused: A Guide for Foster and Adoptive Parents. Child Welfare Information Gateway.
Understanding and Coping with Sexual Behavior Problems in Children, The National Child Traumatic Network.
Trauma-Focused Cognitive Behavioral Therapy: A Primer for Child Welfare Professionals, Child Welfare Information Gateway.
Sexual Behaviours – Identify, Understand, Respond, The National Child Traumatic Network.
Livros em Inglês para crianças que podem ser úteis para conversar sobre abuso sexual. Chicago Children’s Advocacy Center.
Fugas de casa
Se tem uma criança que foge de casa, deve fazer-se algumas perguntas, que lhe permitem começar a elaborar um plano de segurança:
→ Qual é o padrão de fuga da criança?
→ Consegue identificar um gatilho? Que aconteceu antes da fuga?
→ Em que tipo de perigo físico e emocional se coloca o seu filho quando foge?
→ Existe uma pessoa ou um lugar específico para onde o seu filho vai quando foge?
Ter respostas a estas perguntas ajuda-o a trabalhar com um psicólogo para lidar com as fugas do seu filho/a. Além de terapia focada em vinculação e adopção, deixamos aqui algumas sugestões práticas. Pode falar com a criança sobre elas, para que esta tenha um lugar seguro para onde fugir:
- Pense num local seguro e numa pessoa segura com quem o seu filho se pode refugiar;
Com a ajuda do seu filho, faça um acordo com um membro da família ou amigo em quem confia; - Dê autorização ao seu filho para “dormir” em casa deste amigo, isso poderá dar-lhe tempo para descomprimir;
- Todas as partes devem concordar em informá-lo sobre o local onde o seu filho/a está, para que possa saber que está seguro;
- Concorde em não o incomodar por um determinado período de tempo;
- Se o seu filho for muito pequeno, siga-o quando ele fugir. Dependendo da idade da criança, este é um conselho importante. Não fale com a criança; limite-se a segui-la, mantendo-a à vista;
- Tenha um psicólogo ou um amigo experiente “à disposição”;
- Crie um plano sobre o que fazer se o seu filho fugir;
- Guarde os números de telefone das casas ou sítios para onde ele costuma fugir, bem como o contacto do seu psicólogo.
Fonte: Coping with a Child That Withdraws or Runs Away, Jockey Being Family.