Exposição a álcool e droga na gravidez

 

«As lutas de algumas crianças em acolhimento começaram antes mesmo de estas nascerem».

As mães biológicas podem ter fumado, bebido álcool ou consumido drogas durante a gravidez. Às vezes, não existem registos de que a mãe biológica tenha usado drogas ou álcool, o que não significa que isso não possa ter acontecido. Se uma criança apresenta dificuldades, é importante ter essa possibilidade em mente.

EXPOSIÇÃO PRÉ-NATAL

Entre as substâncias comumente usadas encontra-se álcool, cocaína, heroína e outros opióides, bem como metanfetaminas e medicamentos com receita. Às vezes, a mãe biológica consumiu ao mesmo tempo drogas e álcool. Nesses casos, pode ser difícil dizer exactamente qual deles tem mais efeito sobre a criança. Quando as crianças são expostas a drogas ou álcool antes do nascimento, podem ter problemas de desenvolvimento, comportamento e aprendizagem. É importante pensar nesse tipo de exposição como uma possível razão para algumas das dificuldades da criança. Isso pode ajudá-lo a descobrir por que motivos a criança está a ter dificuldades e dar-lhe ideias para o ajudar a apoiar a criança.

EXPOSIÇÃO A DROGAS

Quando a mãe consume drogas durante a gravidez, o bebé é exposto a essas drogas numa altura em que o seu corpo e o cérebro estão a crescer rapidamente. Como indicam os estudos nesta área, depois do nascimento, esses medicamentos ainda afectam o funcionamento do corpo e do cérebro do bebé. Em algumas crianças os efeitos não são perceptíveis, outras  melhoram à medida que crescem e desenvolvem as suas capacidades, existindo algumas crianças para quem os desafios podem durar a vida toda.

ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS:
  • Maior hipótese de parto prematuro, o que pode causar problemas físicos e de desenvolvimento;
  • Problemas de auto-regulação no sono, alimentação e controlo do intestino e bexiga;
  • Baixo peso de nascimento;
  • Problemas de atenção, dificuldades de aprendizagem, na memória e na capacidade de autocontrolo;
  • Confusão
  • Abstinência infantil (conhecida como Síndrome de Abstinência Neonatal ou NAS).
EXPOSIÇÃO AO ÁLCOOL

Existem muitos rótulos usados para descrever as maneiras pelas quais o consumo de álcool durante a gravidez afecta uma criança. O termo Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal é um rótulo geral que cobre todos os efeitos.

A síndrome alcoólica fetal, ou SAF, é um termo que descreve a forma mais grave de exposição ao álcool. O efeito é visível no rosto da criança, no modo como ela cresce, como aprende e se comporta. Algumas crianças podem ter outros problemas médicos, como problemas cardíacos.

Embora a FAS tenha por vezes lugar, são mais comuns as formas leves da FASD. Quando uma criança apresenta problemas de aprendizagem ou de comportamento, os pais podem não ter em conta a exposição a FASD e ao álcool, especialmente se a criança não é parecida com a fotografia acima (ver ficha). Ainda assim, é importante pensar no risco de ter havido exposição ao álcool, dado que este pode prejudicar o funcionamento do cérebro e mudar a forma como este funciona mesmo quando o rosto da criança não tem a aparência “FAS”.

Como resultado, uma criança pode ter problemas que parecem não ter causa conhecida e que podem não melhorar com os cuidados habituais. Com FASD, a lesão no cérebro não piora com o tempo. Mas os problemas da criança podem piorar à medida que esta cresce, porque mais é exigido dela. Embora os principais danos ao cérebro não possam ser corrigidos, uma criança pode ser ajudada se o problema for detectado precocemente e se esta receber apoio de adultos que cuidam.

ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS:
  • Dificuldade em dormir;
  • Muito exigente, difícil de acalmar;
  • Crescimento lento;
  • Atrasos nas capacidades motoras e de linguagem;
  • Dificuldades na alimentação;
  • Curto tempo de atenção;
  • Nível de actividade muito alto;
  • Facilmente frustrado.
EFEITOS DA EXPOSIÇÃO PRÉ-NATAL AO ÁLCOOL

No crescimento: baixo peso; altura mais baixa.

Lesões no cérebro: cabeça e cérebro pequenos; atrasos de desenvolvimento; dificuldades de aprendizagem; problemas de comportamento (dificuldade em concentrar-se, impulsividade, teimosia, ansiedade); má coordenação e dificuldades nas capacidades motoras finas.

DICAS
  1. Identifique aquilo que a criança faz bem. Saiba o que pode ser difícil para a criança.
  2. Aceite as dificuldades da criança. Saiba que a criança não se está a portar mal de propósito.
  3. Trabalhe para garantir que a criança tem expectativas consistentes, tanto quanto possível, em casa e na escola.
  4. Tenha rotinas diárias.
  5. Use linguagem e exemplos simples e claros.
  6. Use recursos visuais e sugestões (como agendas, gráficos e calendários).
  7. Ajude o seu filho/a a aprender com a experiência.
  8. Repita as instruções, informações e regras.
  9. Recorra à disciplina positiva, recompensando pequenos sucessos. Não dê consequências negativas por pequenos erros.
  10. Estruture o tempo da criança.
  11. Vigie a criança enquanto ela tenta fazer as coisas sozinha.