CHEGADA DA CRIANÇA
1. Lista de perguntas

2. Conhecer a criança
3. Que gostaria de ter sabido?
4. Tribunal

O álbum

 

Neste momento, vão pedir-vos um álbum de família, que será usado para vos apresentar à criança. O modo como este é feito varia de família para família, e a linguagem a usar depende muito da idade da criança, mas aqui deixamos algumas sugestões. Em vez de os pais pensarem numa enorme produção fotográfica, podem reflectir sobre como contar a vossa história de família. O álbum pode ter ainda:

 

Fotografia da criança na capa para que esta se identifique e perceba desde logo que o álbum foi feito a pensar nela;

Várias fotografias dos pais em contextos diferentes e com pequenas descrições: Quem são? Que idades têm? Quando se conheceram? Que coisas gostam de fazer? São dorminhocos ou distraídos? Que passatempos têm? Como é o dia-a-dia?

Imagens dos animais de estimação, se existirem: os pais podem contar uma história à volta dos seus animais;

A casa. O álbum deve conter imagens de cada divisão da casa, uma fotografia do exterior, e uma fotografia do quarto da criança. Dependendo da idade, este pode estar mais ou menos decorado, mas será sempre bom para a criança ver na fotografia algo como «Quarto do João» / «Quarto da Maria». Também se pode contar uma história a propósito da casa: vivem ali há muito tempo? Porque a escolheram?

Família mais próxima. O álbum também pode incluir fotografias da família mais próxima, com os seus nomes e uma pequena descrição. Que fazem o avô e a avó? Como são? Gostam de cozinhar? De viajar pelo mundo? São engenhocas? Costuram?

• Existem outras crianças na família mais próxima?

Linguagem simples e acessível;

Termine com uma frase como «Espero / Esperamos por ti».

• Deixe páginas para serem preenchidas depois em família, e para que a criança veja que haverá continuidade.

Vídeos ou gravações áudio

Quando as crianças são mais pequenas recorre-se por vezes a gravações áudio em que os pais cantam ou contam uma historia. Nas crianças mais crescidas recorre-se também aos vídeos como forma de apresentação.

Primeiros encontros

O período de integração da criança costuma durar de 5 a 15 dias, consoante a idade e as características da criança. Em situações de adopção tardia, de insucesso de adopção ou quando a criança tem características muito especificas este período pode ser prolongado.

Conhecer a criança é sempre um momento delicado e emotivo para os futuros pais e para a criança. Pode ser mais fácil, dependendo da idade desta, se o encontro for num parque ou se os pais levarem uma pequena prenda que desvie o foco de atenção da criança. Por exemplo, os pais podem levar um lego fácil de montar ou um jogo para brincarem durante o primeiro encontro.

Na primeira fase de visitas ao espaço da criança (na casa de acolhimento), é importante pensar que os pais têm o objectivo de aprender a conhecer a criança o melhor possível, procurando ficar a saber tudo sobre a sua rotina, comidas preferidas, brinquedos de que gosta, etc. Também pode ser útil observar o modo como as assistentes sociais e educadoras lidam com a criança, podendo os pais replicar pequenos truques.

As visitas num espaço neutro, como um parque, ajudam a tirar a atenção da criança dos seus novos pais e possibilitam o início do processo de vinculação, para o qual a brincadeira é fundamental.

Os primeiros encontros têm em geral lugar na casa de acolhimento onde a criança vive e podem ser um período difícil tanto para os pais como para a criança. Os pais precisam de ter consciência de que existe uma diferença enorme entre as expectativas de uns e outros, pois enquanto estes celebram por fim (e por vezes depois de terem esperado tanto) a chegada da criança, esta (por muito que queira uma família) encontra-se na companhia de dois estranhos e prestes a largar o lugar seguro que conheceu até à data.

Os encontros são calendarizados pela equipa que acompanha a adopção e pensados para que os pais e a criança se possam progressivamente ir conhecendo.

Em geral, passam-se do seguinte modo:

  • o encontro inicial num parque ou na casa de acolhimento;
  • um almoço ou uma ida ao parque;
  • um dia inteiro juntos na casa de acolhimento;
  • um dia inteiro fora da instituição;
  • um dia para conhecer a casa dos pais;
  • a primeira dormida em casa.

 

Depois desta, algumas instituições julgam ser importante que a criança regresse à casa de acolhimento, onde dormirá mais uma noite, para que os pais a possam vir finalmente buscar (este é um modo de a criança saber que os pais voltam). Nestes casos, aconselha-se contudo o bom senso, pois pode ser particularmente difícil para a criança a incerteza de não saber se os seus pais voltam.

Ao longo destes encontros, a criança passará cada vez mais tempo com os pais. É preciso, contudo, que os pais tenham consciência de que este será muitas vezes um processo lento e de que levarão meses ou anos até a criança se sentir realmente em casa.

Estas primeiras semanas são difíceis para crianças que lidam mal com transições e com mudanças de rotina, com expectativas que não sabem se serão cumpridas, e com a antecipação da grande transformação que terá lugar nas suas vidas (e que implica quase sempre uma mudança de casa, de escola, o abandono dos amigos e das educadoras de referência). Nestas primeiras semanas, estas são as coisas que os pais devem fazer (ou evitar):

Promessas. Os pais precisam de se lembrar de que a criança cresceu com promessas que não foram cumpridas, por isso devem evitar fazê-las e, se as fizerem (amanhã vamos comer um gelado), é bom que tenham 100% de certeza de que as vão cumprir;

• Tentar ser compreensivos perante o que vai acontecendo (geralmente existe uma fase de lua-de-mel na adopção, mas é natural que nalguns casos esta não tenha logo lugar ou que não exista de todo). Os pais devem estar preparados para o que acontecer, ser bons a improvisar e procurar ver as coisas do ponto de vista da criança;

• As primeiras semanas (ou meses) não são altura para educar, para ser demasiado rígido ou autoritário, servem para que a criança os possa conhecer e aprender a confiar neles;

• Isto não significa que não seja preciso impor limites, mas estes podem ser enunciados com calma, paciência e compreensão;

Não forçar a relação. Saiba que os laços afectivos levam tempo a criar-se e que é natural que os pais gostem da criança, mas que esta tenha alguma relutância ou medo de se aproximar. As relações constroem-se no tempo, não procure apressar as coisas.

• Saiba também que por vezes os pais não sentem logo uma ligação emocional com a criança e que também isso é natural e leva tempo;

• Se existem irmãos que não vão ser adoptados juntos, estes têm de ser tidos em conta e integrados da melhor forma possível, sendo assegurados de que as relações entre todos permanecerão ao longo do tempo;

Período de pré-adopção

Inicia-se quando a criança vai para casa e tem lugar nos seis meses que se seguem (podendo este período ser alargado se a equipa de adopção que acompanha a família assim o decidir e /ou se a família o solicitar).

Durante o período de pré-adopção, as famílias são acompanhadas pela equipa de adopção, que ajudará a contextualizar os comportamentos de sobrevivência das crianças e ensinará a família a lidar melhor com eles. A equipa vai também conversando com as crianças, de forma a perceber se estas se encontram bem e se a família é adequada nas respostas que vai dando a cada dificuldade. As famílias devem procurar ler e informar-se sobre a parentalidade terapêutica.

Neste período, as rotinas familiares vão-se consolidando e se a família for atenta, calma e tranquila começará a ver grandes progressos nas crianças.

Por vezes, este processo de integração é exigente para todos. Procure tomar conta de si e aprenda a reconhecer os passos que podem levar a uma interrupção da pré-adopção (para a conseguir evitar).